A audiência mais polêmica das três realizadas para debater o licenciamento do estaleiro da OSX aconteceu nesta quinta-feira (22), em Florianópolis, Santa Catarina, reunindo cerca de mil pessoas em Jurerê Internacional. O movimento ambiental e comunitário manifestou-se com adereços de circo, levantando cartazes contrários à instalação do estaleiro na Baía Norte de Florianópolis, onde estão localizadas três unidades de conservação federais. Quatro ônibus levaram manifestantes de Biguaçu, favoráveis à instalação do estaleiro. As diferentes visões sobre o assunto enfrentaram-se durante toda a audiência, com afirmações e perguntas contundentes de ambos os lados.
Mais uma vez o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma), Murilo Flores, fez a abertura dos trabalhos e compôs a mesa com representantes da OSX e da Fatma. Várias cadeiras da mesa ficaram vazias. Os técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estavam presentes, mas não foram chamados para compor a mesa.
O prefeito de Florianópolis, Dario Berger, não compareceu. E representantes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) abstiveram de se sentarem à mesa. Após a apresentação do EIA-Rima da OSX, foram recebidas 99 inscrições do público.
Fotos: Suzana Pires
Paulo Monteiro, da OSX, demonstrou irritação durante toda a audiência
O diretor de Sustentabilidade de OSX, Paulo Monteiro, estava visivelmente irritado, tanto que o próprio presidente da Fatma chamou-lhe a atenção várias vezes para que não entrasse em conflito com o público, chegando a suspender os trabalhos para se acertarem. Em certo momento, Monteiro afirmou: "se não nos quiserem como vizinhos iremos embora", arrancando aplausos do público. Sobre a ausência do parecer do professor Paulo Simões Lopes, Monteiro desafiou o pesquisador a debater publicamente sua visão com a OSX.
O público presente manifestou preocupação com o impacto no turismo, na qualidade de vida das populações da Grande Florianópolis, com a topografia das praias, com a balneabilidade do mar, com vazamentos de óleo e com a possibilidade de o estaleiro vir a transformar-se num porto.
Manifestantes levaram diversas placas defendendo
interesses da comunidade de Biguaçu
Moradores de diferentes bairros de Florianópolis participaram do evento. O presidente da Associação de Pescadores Artesanais do Campeche, Valter Euclides das Chagas, disse que o estaleiro vai acabar com a biodiversidade do mar e com a pesca artesanal de toda a Grande Florianópolis.
Eduardo Lima, da ONG Montanha Viva, pediu a palavra e protocolou, na hora, pedido de anulação das audiências, devido à questão de competência da Fatma para licenciar o empreendimento, hoje sendo averiguada pelo Ministério Público Federal.
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