quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Santa Catarina um ano depois da saída do estaleiro da OSX

Vera Gasparetto
de Florianópolis/SC

Neste mês, completou um ano do anúncio da transferência do estaleiro da OSX, do megaempresário Eike Batista, de Biguaçu, na Grande Florianópolis (Santa Catarina), para o Porto do Açu, no Rio de Janeiro. Portogente acompanhou todos os lances da batalha ambiental travada na ocasião entre ambientalistas, pescadores, maricultores, ativistas comunitários, setores do governo e empresários.

Nessa batalha, um ano depois nossa reportagem conversa com alguns dos personagens dessa batalha histórica para avaliar as perdas e ganhos econômicos, sociais e ambientais. A primeira entrevista traz o advogado da Associação Montanha Viva, Eduardo Lima.

* Leia aqui todas as reportagens sobre o caso no Portogente

Portogente – Qual a sua avaliação sobre o processo do estaleiro OSX um ano após o anúncio da empresa em mudar-se para o Rio de Janeiro?
Eduardo Lima – Do ponto de vista do resultado almejado foi positivo, eis que obstou um empreendimento, cujos estudos ambientais elaborados, apresentaram inúmeras inconsistências. Vale lembrar que até o presente momento não se soube efetivamente quais as razões técnicas produzidas pelo grupo de trabalho criado no âmbito do Ministério do Meio Ambiente que manifestou posição contrária.

Portogente – Santa Catarina foi prejudicada com a transferência do estaleiro?
É um discurso dúbio que, dependendo do interessado, tem resultado diverso. Para aqueles que apostaram tudo no empreendimento, valendo-se de pressão política, econômica, o resultado para economia certamente não foi produtivo. Contudo, para os que dependem de atividades econômicas calcadas no turismo, na pesca, na maricultura, significou, ainda que momentaneamente, a preservação de seus empregos. Vale apenas ressaltar que pelo quinto ano consecutivo Santa Catarina é referência nacional no segmento Turístico.

Portogente – O senhor acredita que houve ganhos sociais e ambientais com a não instalação do projeto?
Quem está acompanhando a implantação do empreendimento no Rio de Janeiro pode ter percebido que problemas já estão ocorrendo, desde a desapropriação dos imóveis, questões ambientais, desemprego, etc. Quem garantiria que não aconteceriam o mesmo em Santa Catarina? Do ponto de vista ambiental, o ganho que possa ter havido foi não liberação de um empreendimento cujos estudos ambientais não apresentaram um resultado confiável, e se não havia confiabilidade nos dados obtidos, dificilmente na prática teríamos outro desfecho. Afinal, uma pergunta que não quer calar: qual a destinação será dada ao imóvel do estaleiro?


Fonte: http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=59104&sec=31

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